sexta-feira, 15 de julho de 2016


A estranha




Caro olhava através da janela de seu quarto, enquanto se arrumava para ir a escola, não via porque não tinha amigos, nunca fez mal a ninguém, mas, mesmo assim, todos a rejeitavam, ficava sozinha e isolada no seu canto da sala. Parou de refletir em sua vida quando ouviu sua mãe lhe chamando:
-Vamos Caro, a hora do ônibus já está chegando!- Dizia sua mãe, gritando do andar de baixo.
Logo, Caro estava vestida, e, descendo as escadas, viu de relance, algo correndo ao seu lado, passando por ela na direção oposta, olhou para trás, mas não viu nada além do fim das escadas e do quadro de seu avô já falecido na parede.
Chegando na escola, tudo estava normal, menos por um detalhe, algo a estava seguindo, passando do seu lado, tão rápido que era impossível segui-lo com os olhos, não digo alguém, pois oque a seguia brilhava como um holofote.
No ônibus de volta pra casa, Caro percebeu algo diferente, os faróis e lâmpadas ao seu redor, estavam apagados, como se a energia da cidade tivesse acabado, mas, mesmo assim, tudo ainda estava claro.
Entrou em casa e viu que sua mãe estava estranhamente entretida com a televisão desligada, como se a tela tivesse pifado, pois o som da programação ainda podia ser ouvido.
Deitou em sua cama, sentindo muito calor, oque era estranho, pois era inverno e o termômetro ambiente indicava 13°C, se levantou já com sono e apagou as luzes mas tudo continuava claro, e o calor só aumentava.
Caro sentiu dentro dela uma energia muito forte, como se algo rompesse sua pele, lutando para sair, tudo ardia e queimava, ela caiu no chão, impossibilitada de se mover por tamanha dor.
Sua mãe correu ao quarto de Caro para saber porque sua filha gritava, e ao chegar lá se deparou com algo que ela temia a anos.
-Filha, você está mudando.
-Como assim? Eu não quero mudar! Aaahhh! Faz parar mãe, por favor!
-Eu não posso, pois não sou sua mãe, você foi deixada na minha porta, muito pequena, e achei que tivesse sido abandonada por algum mendigo, até ler o bilhete que estava dentro da sua mão. Não era papel, era algo como silicone, e dizia em palavras muito cultas que você era especial, e que era minha obrigação cuidar de você até chegar a hora de ir, filha, você, é uma estrela.

Muito foi especulado pela polícia local em busca de respostas pelo incêndio das quatro casas e cinco jardins ao redor da casa de uma menina chamada Caro, desaparecida juntamente de sua mãe, mas nada além de depoimentos de algo extremamente quente e rápido voando na vertical foi achado pelos investigadores.
Depois desse dia, Caro nunca mais esteve sozinha.

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