A
mudança
Cristopher
vivia em São Paulo/SP, num bairro de classe média baixa, tinha uma
vida estereotipada, trabalhava e cursava o ensino superior, não
namorava, pois não tinha tempo, não saia, pois não tinha tempo,
não bebia, pois não tinha tempo, responsabilidades, ele tinha,
cansaço, ele tinha, graves crises de enxaqueca, ele tinha. Mas
tempo… Tempo era oque lhe faltava.
Um
dia, acordou cedo para ir ao trabalho, como de costume, mas, algo não
estava certo, na verdade, tudo estava diferente, nada era como quando
havia ido dormir na noite passada.
Era
como se todas as coisas, pessoas e lugares fossem os mesmos, mas, ao
mesmo tempo, nada estivesse igual, como se ele fosse alguém
diferente, sentia isso, sentia que algo, ou melhor tudo, havia
mudado. Lembrar do passado lhe trazia uma sensação sufocante, pois
suas lembranças agora eram cacos de uma grande tela em branco. Sua
vida de antes daquele dia sumiu e nada era a mesma coisa.
Fora
isso, havia uma sensação que durava menos de um segundo, mas que
ainda assim o preocupava; ele sentia como se em menos de um instante,
saísse de um mundo e entrasse em outro.
Não
importava o quanto se esforçasse para entender, nada fazia sentido.
Suicídio não ganhava crédito em sua mente, assassinato não lhe
atraia, sexo não o despertava desejo, nada mais era como antes, não
depois daquele sonho.
Na
noite em que sua vida havia sumido, um sonho havia criado vida em sua
mente embebida em endorfina, não conseguia lembrar o porquê, mas o
sonha lhe assustara, fazendo com que pulasse
ofegante da cama, não se lembrava do conteúdo do sonho em si, mas
lembrava claramente do medo que sentira, e também de imagens vagas,
sua visão turva e levemente escarlate, seus parentes mais próximos
sendo torturados, os sons de seus gritos e seu choro.
Chegara
a conclusão de que a realidade havia mudado, pois ele havia mudado;
sua pele, clareou, seus cabelos outrora negros e lisos, agora tinha
fios ondulados de um tom castanho, seus olhos marrons, tornaram-se
claros, como que da cor do mel.
Agora
já não era mais Cristopher, agora, me chamam de Yuki.
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