sexta-feira, 12 de agosto de 2016

LIMBO

Amanda seguia pelas ruas escuras e já conhecidas de seu bairro, pisava delicadamente no chão, tentava ao máximo não produzir som algum.
Era tarde da noite, por volta das onze ou doze horas, estava bêbada, como de costume. Todos os dias, depois da morte de seu namorado, saia do trabalho e enchia a cara.
Mas dessa vez era diferente, sabia, sentia que era, ao cruzar a próxima esquina estaria morta, tinha certeza disso. Mas não ligou, sua vida já não fazia sentido sem Marcos, ele era tudo o que ela tinha, e agora, estava morto. Acidente de carro.
-"Não acredito nisso". - sussurrou , pensando no momento em que sua mãe lhe dera a notícia com um sorriso no rosto
Passando pela última parede do beco antes da esquina, olhou para o lado e rapidamente notou um homem correndo em sua direção, se assustou e puxou do bolso da blusa o canivete que sempre carregava consigo, abriu com um "click", e o fez parar na barriga daquele homem, que caiu no chão, ela soltou o canivete, sem se preocupar em ver o rosto do sujeito, e saiu correndo até em casa, onde chegou, se despiu e foi dormir.
Cristina esperava que sua filha já houvesse voltado pra casa, ela ainda não havia chego quando Cristina resolveu dar uma volta pelos becos do bairro. Ao passar em frente à mercearia, próxima à saída do beco, notou o corpo de um homem inerte no chão, rodeado pelo que parecia ser seu próprio sangue. Se aproximou pé ante pé, e o choque: era Marcos, seu genro, namorado de sua filha, Amanda, estava deitado de bruços, já sem vida e com um canivete estocado em sua barriga, sabendo dos riscos que corria, Cristina pegou o canivete e foi o mais rápido que pôde até sua casa. Procurou pela filha, que estava dormindo no quarto, limpou o canivete e o pôs em cima da cômoda de cabeceira ao lado da filha adormecida.
 No dia seguinte, contou à Amanda que recebera uma ligação durante a madrugada dizendo que Marcos havia sofrido um acidente de carro, não sabia porque, mas esboçava um sorriso malicioso enquanto dava a péssima notícia à sua própria filha.

 Amanda seguia pelas ruas escuras e já conhecidas de seu bairro...

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